Efeito sanfona: entenda como o ciclo de perder e ganhar peso prejudica a saúde e como sair dele com ajuda médica
Especialista em endocrinologia e medicina do esporte alerta para os riscos metabólicos, hormonais e emocionais do efeito sanfona e explica como é possível quebrar esse ciclo de maneira saudável e duradoura
Perder peso, comemorar os resultados e, meses depois, ver tudo voltar: essa é a realidade de muitas pessoas que enfrentam o chamado “efeito sanfona”. O termo popular descreve o ciclo de emagrecimento seguido por reganho de peso, um processo que pode se repetir por anos e que representa não apenas uma frustração estética, mas também um problema sério de saúde.
Para especialista em endocrinologista e medicina do esporte, Dr. Vinicius Vieira, o efeito sanfona está frequentemente associado a práticas alimentares extremas e insustentáveis. “Na tentativa de emagrecer rápido, muitas pessoas recorrem a dietas extremamente restritivas, que até promovem perda de peso no início, mas são praticamente impossíveis de manter no longo prazo. Quando o indivíduo volta a se alimentar como antes, o corpo interpreta isso como um sinal de escassez e tenta estocar gordura, tornando o reganho de peso ainda mais rápido e intenso”, explica o médico.
Além da alimentação desequilibrada, o sedentarismo, a ansiedade e a compulsão alimentar são fatores que agravam o quadro. Mas o que muita gente não sabe é que o descontrole hormonal pode ser um dos grandes vilões por trás da oscilação constante no peso. Segundo o Dr. Vinicius Vieira, o papel dos hormônios no metabolismo precisa ser levado em consideração para que o tratamento seja eficaz. “Hormônios como a insulina, o cortisol, a leptina e a grelina — além dos hormônios da tireoide — têm influência direta no apetite, na queima de gordura e na forma como o corpo responde à ingestão calórica. Quando há algum desequilíbrio hormonal, o organismo tende a acumular gordura com mais facilidade e a ter mais dificuldade de manter o peso perdido. Por isso, em muitos casos, não basta apenas comer menos e se exercitar mais: é preciso investigar o funcionamento hormonal e corrigir possíveis alterações”.
O efeito sanfona também traz consequências sérias para a saúde a longo prazo. Além do aumento da gordura corporal, há uma perda importante de massa muscular a cada novo ciclo de emagrecimento, o que reduz o metabolismo basal e torna cada nova tentativa de perda de peso ainda mais difícil. “O risco não está só no número da balança”, alerta o endocrinologista. “Oscilações frequentes de peso aumentam a inflamação no corpo, favorecem o desenvolvimento de resistência à insulina, dislipidemias, hipertensão e até doenças cardiovasculares. Fora os impactos emocionais, como culpa, ansiedade e baixa autoestima, que afetam diretamente a adesão ao tratamento e a qualidade de vida”.
Mas há saída. Dr. Vinicius reforça que é possível quebrar o ciclo do efeito sanfona com acompanhamento profissional e mudanças graduais, porém consistentes, no estilo de vida. “O primeiro passo é abandonar a mentalidade de solução rápida. O foco deve estar na construção de hábitos sustentáveis — uma alimentação equilibrada, atividade física regular, sono de qualidade e, quando necessário, tratamento médico e psicológico. Cada organismo é único e, por isso, o plano precisa ser individualizado. Com orientação adequada, é plenamente possível emagrecer com saúde e manter os resultados no longo prazo”.
O especialista lembra ainda que não se trata de buscar o “peso ideal”, mas sim a melhora da saúde metabólica. “Mais importante do que o número na balança é a composição corporal, o controle de parâmetros como glicemia, colesterol, pressão arterial e o bem-estar geral do paciente. O emagrecimento saudável é consequência de um corpo que funciona bem — e não o contrário”.