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Da Terra à Cura: Por que Transformar Hortas Urbanas em “Farmácias Vivas” é uma Revolução de Saúde Pública

Da Terra à Cura: Por que Transformar Hortas Urbanas em “Farmácias Vivas” é uma Revolução de Saúde Pública

Coluna: A ciência do Natural Por: Julio Luchman – Neurocientista e Fitoterapeuta Clínico

Na semana passada, ao caminhar entre os canteiros da nova Fazenda Urbana inaugurada no Tatuquara, aqui em Curitiba, senti que estávamos plantando algo muito maior do que alimento. Estávamos plantando autonomia e saúde mental.


Ao lado do vereador Jasson Goulart, um grande parceiro nessa empreitada junto à Secretaria de Segurança Alimentar, oficializamos um marco inédito para a nossa capital: a partir de agora, todas as hortas urbanas da cidade passam a cultivar, oficialmente, plantas medicinais.


Para muitos, pode parecer apenas um detalhe estético ou cultural. Para mim, como neurocientista e fitoterapeuta, é uma estratégia de saúde pública de alto impacto.


Segurança Alimentar e Saúde Integrativa


Nós sabemos que a fome não é apenas a falta de calorias; é a falta de nutrientes. Mas a saúde vai além do prato de comida. Em um país ansioso, inflamado e medicado, ter acesso gratuito e democrático a uma “Farmácia Viva” no quintal do bairro é revolucionário.


Nesses espaços, não teremos apenas alface e tomate. Teremos Cidreira, fundamental para modular a ansiedade e acalmar a mente após um dia de trabalho. Teremos Gerânio, uma planta com propriedades incríveis para a saúde da pele e para quadros depressivos. Teremos o clássico Boldo, o guardião do fígado.


O Perigo do “Natural” sem Orientação


Porém, a minha maior missão, e o motivo pelo qual abracei esse projeto com o Jasson, não é apenas entregar a planta, mas entregar o conhecimento.


Existe um mito perigoso de que “se é natural, não faz mal”. Isso não é verdade. Plantas são compostos químicos complexos. Elas interagem com medicamentos, têm dosagens certas e contraindicações. O que estamos inaugurando em Curitiba é um programa de educação em fitoterapia.


Vamos orientar a população: como usar a planta correta, como preparar o chá para extrair o princípio ativo, e, principalmente, como fazer isso sem interferir na medicação alopática que o paciente já toma. O objetivo é somar, é a medicina integrativa na prática, acessível a quem mais precisa.


Um Modelo para o Brasil


Ver a comunidade do Tatuquara recebendo esse espaço, e saber que o Boqueirão é o próximo a receber investimentos em segurança alimentar, me enche de esperança. Curitiba, que já é referência em tantas áreas, agora mostra que cuidar da população é garantir que ela tenha comida na mesa e saúde na horta.


A fazenda urbana é a prova de que a prevenção de doenças começa no solo. E agora, com a ciência da fitoterapia aliada à política pública, vamos colher uma cidade não apenas mais alimentada, mas mais saudável e equilibrada.

Julio Cesar Luchmann é neurocientista, fitoterapeuta clínico, mestre em Educação e doutorando em Naturopatia. Reconhecido como o maior comunicador de fitoterapia do Brasil, soma mais de 8 milhões de seguidores nas redes sociais, onde ensina a ciência por trás das plantas medicinais.

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