CCBB Rio: Tradição e Inovação a Serviço da Cultura Brasileira
Por: Julianna Coelho
No coração do centro histórico do Rio de Janeiro, entre o passado e o futuro, está um dos espaços culturais mais queridos da cidade: o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB Rio). Criado em 12 de outubro de 1989, o CCBB marcou o início de uma nova fase de investimento do Banco do Brasil em arte e cultura — não apenas como apoio, mas como agente ativo de transformação social e valorização da produção artística nacional e internacional.
Instalado no emblemático número 66 da Rua Primeiro de Março, o edifício de linhas neoclássicas guarda em suas paredes mais do que um acervo arquitetônico: ele abriga parte da própria história financeira do país. Erguido em 1880, com projeto do arquiteto imperial Francisco Joaquim Béthencourt da Silva, foi sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro e, posteriormente, do Banco do Brasil, sendo um marco do poder econômico nacional até a mudança da capital para Brasília em 1960.
Desde a sua revitalização como centro cultural, o espaço se tornou um polo dinâmico e plural de produção artística. Em mais de três décadas, foram realizados mais de 2.450 projetos culturais nas áreas de artes visuais, cinema, teatro, dança, música e pensamento, recebendo mais de 58 milhões de visitantes. O sucesso do modelo fez com que o CCBB Rio figurasse, desde 2011, no ranking do jornal britânico The Art Newspaper, entre os centros culturais com exposições mais visitadas do mundo.
Esse feito não é acaso. O CCBB Rio se destaca por uma programação de qualidade, acessível e diversa. Além de dar espaço a grandes nomes das artes, promove a cena local e estimula a formação de novas plateias. Tal compromisso fez com que o centro cultural recebesse, carinhosamente, o título de “o mais amado do Rio de Janeiro.”
Patrimônio Preservado e Adaptado
A requalificação do prédio preservou os detalhes originais e incorporou elementos que atravessam estilos — do neoclássico das colunas jônicas da rotunda ao art nouveau das janelas externas, passando pelo art déco visível na entrada principal, nos lustres e nas portas do Teatro I. A área construída de mais de 19 mil metros quadrados abriga exposições, apresentações, salas de cinema e teatro, além de uma biblioteca, arquivo histórico e o Museu Banco do Brasil.


Comprometido com a inclusão, o CCBB Rio também é referência em acessibilidade. O prédio centenário passou por diversas adaptações, como instalação de rampas, elevadores, corrimãos, banheiros adaptados, entre outras medidas que garantem a plena participação de pessoas com mobilidade reduzida ou deficiência. Em reconhecimento, recebeu prêmios como o Certificado de Acessibilidade Nota 10, concedido pela Alerj, e a Certificação de Acessibilidade da Prefeitura do Rio.
Biblioteca: Conhecimento ao Alcance de Todos
Outro destaque é a Biblioteca do Banco do Brasil, criada em 1931. Seu acervo atual conta com cerca de 250 mil exemplares, nacionais e estrangeiros, que abrangem temas de Artes, Literatura e Ciências Sociais. Há também salas especializadas, como a de literatura infantojuvenil com mais de 6 mil livros, e uma coleção de obras raras. Recentemente, o espaço passou a oferecer o dispositivo OrCam MyEye, tecnologia assistiva que transforma textos impressos em áudio para visitantes com deficiência visual — mais um passo em direção à democratização do saber.
Compromisso com o Futuro
Mais do que um espaço de exposições, o CCBB Rio é um símbolo vivo da capacidade de ressignificar o passado e transformá-lo em experiência. Com a força de sua história, o apoio contínuo do Banco do Brasil e a adesão do público, o centro cultural segue seu compromisso com a formação de público, valorização da cena local e difusão da cultura brasileira.
O número 66 da Rua Primeiro de Março é, hoje, muito mais do que um endereço: é um ponto de encontro entre memória, arte e futuro.