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A Revolução do Cultivo: O que as 45 mil pessoas na ExpoCannabis SP nos dizem sobre o futuro

A Revolução do Cultivo: O que as 45 mil pessoas na ExpoCannabis SP nos dizem sobre o futuro

Coluna: Cannabis : cuidado e equilíbrio Por: Dra. Amanda Medeiros Especialista em Medicina Endocanabinoide

[14:12, 20/11/2025] Erika Wandembruk Imprensa: Voltei da ExpoCannabis, em São Paulo, com uma sensação diferente da de todos os outros anos. O que vimos neste fim de semana foi um divisor de águas. O evento, que recebeu mais de 45 mil pessoas em três dias, não foi apenas um sucesso de público; ele sinalizou uma nova era para a cannabis no Brasil: a era do cultivo.

Pela primeira vez, o foco do evento foi direcionado de forma tão completa para o cultivo. Isso é uma mudança de paradigma. Até então, as discussões sobre cannabis medicinal no Brasil eram muito focadas na importação de óleos, pomadas e produtos finais. O que esta feira provou é que o debate amadureceu.

Vimos um polo de tecnologia impressionante, com maquinário pesado para a indústria canábica, mostrando que o país está pronto não apenas para cultivar, mas para processar e produzir em escala nacional.

Além disso, o polo de tecidos de cânhamo foi uma atração à parte. Itens que eu nunca tinha visto no Brasil, como guardanapos, fronhas e outros produtos têxteis “super exclusivos”, feitos dessa fibra incrivelmente forte, mostraram um potencial industrial gigantesco que vai muito além da medicina e dos produtos de bem-estar.

Claro, as associações de pacientes, que são a linha de frente dessa luta, estavam lá em peso, assim como uma variedade imensa de óleos e pomadas para a indústria, mas o foco na produção e na tecnologia foi o grande diferencial.

Mas o que mais me marcou, como médica e como cidadã, foi a robusta e séria participação política.

Quando vemos o Ministro Paulo Teixeira, ao lado de figuras como Eduardo Suplicy e o Deputado Caio França, subindo ao palco para falar abertamente sobre a importância da acessibilidade desse tratamento a todos os cidadãos brasileiros, percebemos que a pauta saiu da esfera do ativismo e entrou, definitivamente, na esfera da política pública.

A presença deles valida o que nós, médicos, vemos diariamente no consultório: a cannabis não é “alternativa”, é uma ferramenta central de saúde que precisa ser acessível.

Saí de lá com a certeza de que o caminho é sem volta. As 45 mil pessoas, as associações, a indústria nascente do cânhamo e a seriedade do debate político mostram que o Brasil não está mais apenas importando um remédio; estamos finalmente começando a cultivar uma nova consciência sobre saúde, indústria nacional e, acima de tudo, dignidade.


Dra. Amanda Medeiros é médica graduada pela Universidade Iguaçu (RJ), com pós-graduações em pediatria, nutrologia pediátrica e psiquiatria da infância e adolescência. Possui certificação internacional em medicina endocanabinoide pela GreenFlower (Califórnia) e avançada em endocanabinologia pelo Instituto Plenos. Com mais de dois mil pacientes ativos, Dra. Amanda prescreve medicamentos à base de canabinoides, atua como mentora de outros médicos e participa de projetos humanitários no Brasil e no mundo.

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