Sua Idade Biológica é Uma Escolha. E a Ciência Sabe Como Revertê-la.
Coluna: Farmácia Viva Por: Julio Luchmann
Durante toda a minha carreira, ouvi a mesma frase: “O envelhecimento é inevitável”. Tratamos a idade como um destino, um registro fixo no calendário. Mas o que a ciência da longevidade provou, e o que detalho no meu novo livro, é que a Idade Cronológica, o tempo no papel, é quase irrelevante perto da Idade Biológica, o estado funcional das nossas células.
Estudos de larga escala, como o Dunedin Longitudinal Study (2022), que acompanha pessoas há mais de cinquenta anos, mostraram que indivíduos com estilos de vida saudáveis podem ter um relógio biológico e um desempenho cardiovascular semelhantes ao de pessoas dez a quinze anos mais jovens. O Harvard Aging Study (2023) vai além e indica que oitenta por cento das diferenças no envelhecimento entre pessoas da mesma idade são explicadas por fatores comportamentais, não pela genética.
Isso significa que o envelhecimento é, em grande parte, uma escolha.
A Caneta que Reescreve o DNA
Eu sempre digo que “o DNA é o papel, o estilo de vida é a caneta”. Esta é a definição mais simples de epigenética.
A epigenética estuda os interruptores que ligam ou desligam nossos genes. E a prova de que podemos controlar esses interruptores é fascinante. O Blueprint Project (Cambridge, 2023), por exemplo, reuniu voluntários e, com apenas sessenta dias de práticas saudáveis como meditação, sono e dieta rica em polifenóis, reverteu a idade epigenética deles em 3,2 anos.
Isso não é misticismo, é biologia. O estresse crônico está entre os maiores aceleradores do envelhecimento. O Yale Stress and Aging Study (2023) constatou que o estresse aumenta em quarenta por cento o ritmo de encurtamento dos telômeros, estruturas que protegem o DNA e cuja descoberta rendeu um Prêmio Nobel para a Drª Elizabeth Blackburn.
Se o estresse encurta, o autocuidado alonga. Um estudo de Dean Ornish e Elizabeth Blackburn (The Lancet Oncology, 2013) mostrou que mudanças no estilo de vida, incluindo meditação e apoio social, aumentaram em trinta por cento a atividade da telomerase, enzima que reconstrói os telômeros, em apenas três meses.
A Faxina e a Energia
Para o corpo se reparar, ele precisa de duas coisas: energia limpa e um sistema de limpeza eficiente.
A energia vem das mitocôndrias, usinas celulares que produzem ATP. O estudo da Harvard Medical School (2023) identificou que o envelhecimento mitocondrial é reversível pela ativação do gene PGC-1α. A Copenhagen University (2022) reforça esse achado ao demonstrar que o exercício físico aumenta a criação de novas mitocôndrias em até quarenta e cinco por cento.
A limpeza é a autofagia, descoberta que recebeu o Prêmio Nobel em 2016. É a faxina interna que recicla resíduos celulares. A maneira mais potente de ativá-la é o jejum intermitente. O National Institute on Aging (2022) comprovou que essa prática reduz a inflamação e prolonga a vida útil das células.
O Cérebro: Onde Tudo Começa
Como neurocientista, afirmo que nenhum desses mecanismos funciona se a mente estiver inflamada pelo estresse e pela falta de propósito.
O Harvard Adult Development Study (2023), o estudo mais longo da história, com oitenta e cinco anos de duração, comprovou que o principal preditor de longevidade e felicidade não é o colesterol nem a riqueza, mas a qualidade das relações humanas. O Tohoku University Study (2022), com mais de quarenta e três mil japoneses, reforça essa conclusão ao mostrar que ter um propósito de vida, o chamado Ikigai, reduz a mortalidade por todas as causas em trinta e seis por cento.
Por isso, o que apresento no livro não é apenas uma dieta ou um protocolo de exercício, mas uma Medicina da Consciência. A idade biológica responde ao que comemos, mas também a como sentimos, como nos relacionamos e ao sentido que damos à vida.
O corpo envelhece quando o propósito dorme. Ter uma razão para viver mantém o cérebro ativo, o coração calmo e a alma jovem.

Dr.Julio Luchmann
Neurocientista, Fitoterapeuta e autor de “O CÓDIGO DA LONGEVIDADE — MÉTODO SAÚDE 360°”, professor universitário, mestre em Educação, doutorando em Naturopatia, escritor e atualmente o maior influenciador digital do Brasil na área de plantas medicinais com mais de setembro milhões de seguidores nas redes sociais

