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A stylist por trás do brilho de Ana Castela: moda, identidade e futuro do sertanejo fashion

A stylist por trás do brilho de Ana Castela: moda, identidade e futuro do sertanejo fashion

Em entrevista exclusiva à Revista Nova Sudeste, a stylist Maria Augusta Sant ´Anna responsável pela identidade visual da cantora revela os bastidores da criação dos figurinos que transformaram Ana Castela em ícone da moda sertaneja contemporânea.

Por: Julianna Coelho

Revista Nova Sudeste – Você é a stylist responsável por construir a identidade visual da Ana Castela, que hoje é referência na moda sertaneja. Como foi esse processo de traduzir a essência dela para os looks de palco e do dia a dia?
M.A. – O processo de traduzir a essência da Ana para a moda foi muito mais do que escolher roupas — foi sobre contar uma história. Desde o início, meu objetivo foi captar quem ela é: sua autenticidade ligada às raízes do sertanejo. O primeiro passo foi mergulhar no universo pessoal dela: referências, ídolos, lembranças do campo, mas também o que ela gosta de vestir no dia a dia. Essa escuta é essencial para que a artista se reconheça no espelho e não se sinta “fantasiada”.

Revista Nova Sudeste – O estilo country sempre foi marcado pela tradição, mas a Ana trouxe muito brilho, ousadia e glamour. Como surgiu essa ideia de unir o sertanejo raiz com elementos mais fashion e modernos?
M.A. – A ideia principal é trazer elementos do country clássico, como chapéus, botas, franjas, couro, jeans — mas com uma linguagem mais atual. Uma mistura que dá esse ar de sertanejo contemporâneo.

Revista Nova Sudeste – Muitos fãs comentam sobre os figurinos da Ana e até se inspiram neles. Como você enxerga essa influência dela na moda sertaneja e na moda jovem em geral?
M.A. – Os fãs comentam e se inspiram nos looks dela porque enxergam autenticidade. Ela não está “interpretando” um personagem: está sendo ela mesma em cada figurino, seja no palco ou no dia a dia. Esse estilo da Ana inspira porque traduz atitude, raiz e atualidade.

O trabalho de stylist


Revista Nova Sudeste – Para quem não conhece os bastidores, como funciona exatamente o trabalho de um stylist?
M.A. – Um stylist é o profissional responsável por construir e comunicar a identidade visual de um artista. Vai muito além de escolher roupas: envolve estratégia, branding e marketing pessoal. É preciso entender profundamente a personalidade do artista, seu estilo musical, o público que ele quer atingir e o posicionamento de imagem que deseja consolidar.


Revista Nova Sudeste – Como é o processo de alinhamento entre você e a Ana Castela para definir os looks?
M.A. – Sempre tento passar as ideias para a Ana, mas como já estamos juntas há mais de dois anos, tenho liberdade para definir alguns looks sozinha. Em outros casos, ela me manda referências e eu crio a partir disso.


Revista Nova Sudeste – Até que ponto a opinião da artista influencia na escolha final?


M.A. – A Ana tem seu estilo muito bem definido e eu já conheço modelagens, cores, estampas e texturas que ela gosta. Nunca fujo disso. Claro que às vezes apresento novidades, mas sempre dentro do que sei que ela vai gostar. Meu papel como consultora é valorizar sua personalidade — nunca descaracterizá-la.


Revista Nova Sudeste – Em uma rotina tão corrida, como você organiza a agenda de figurinos?
M.A. – É uma loucura! (risos). Gosto de preparar tudo com antecedência e deixar vários looks prontos. Mas sempre surgem gravações de última hora que exigem briefing específico. Aí é correr contra o tempo — mas sempre dá certo!


Revista Nova Sudeste – Quais são os maiores desafios ao escolher figurinos para os shows da Ana?
M.A. – Além da estética, o principal é que os looks sejam confortáveis e deem segurança para ela dançar no palco.


Revista Nova Sudeste – Como é adaptar o estilo sertanejo/country para programas de TV, publicidade e eventos especiais?
M.A. – Cada marca ou programa tem um briefing. Meu trabalho é adaptar a essência da Ana a cada proposta, sem perder sua identidade.


Revista Nova Sudeste – O brilho virou marca registrada da Ana Castela. Como equilibrar essa identidade fashion com inovação?
M.A. – Busco sempre trazer brilhos em modelagens e estampas que ela gosta. Assim mantemos a essência, mas com frescor e novidades.


Revista Nova Sudeste – Existe algum look que ficou marcado para você?
M.A. – São muitos! Tenho orgulho de vários momentos: a gravação dos dois DVDs Herança Boiadeira, a premiação do GRAMMY, o show como embaixadora de Barretos, além de grandes campanhas publicitárias que assinei no styling.

Momentos marcantes


Revista Nova Sudeste – O show da Ana em Barretos foi um divisor de águas. Como foi criar os looks dessa ocasião histórica?
M.A. – Foi de arrepiar. Eu e Andrea Pacci pensamos em peças que unissem o estilo western com glamour. As estampas traziam a essência do campo, e os brilhos, o impacto necessário para o palco.


Revista Nova Sudeste – E a gravação do DVD Herança Boiadeira 2?
M.A. – A ideia foi manter a estética do primeiro, mas aprofundando o western americano clássico.


Revista Nova Sudeste – A apresentação na NFL também repercutiu muito. Como foi o figurino desse evento?
M.A. – Criamos um look que unisse a essência country da Ana com o charrão (calça usada por peões) e, ao mesmo tempo, celebrasse a cultura esportiva, com detalhes que remetiam à logo da NFL, como as estrelas.

Bastidores e futuro da moda sertaneja


Revista Nova Sudeste
– Como funciona a preparação dos figurinos para uma turnê ou um DVD?
M.A. – Eu recebo o briefing e, a partir dele, crio os looks em parceria com estilistas selecionados para cada ocasião.
Revista Nova Sudeste – Qual é o papel da stylist no fortalecimento do sertanejo feminino?
M.A.– É fundamental. Não se trata apenas de escolher roupas, mas de conectar identidade artística, tendências e público. O figurino ajuda a consolidar a força da mulher no sertanejo.


Revista Nova Sudeste – Para encerrar: quais as próximas tendências da moda sertaneja/country?
M.A – O country deixou de ser um estilo isolado e está ganhando espaço na moda urbana. Minha aposta está nas franjas sutis, bordados modernos em jeans, mix de camurça, couro e denim, chapéus com design diferenciado e botas western repaginadas. É uma moda que veio para ficar, e muitas mulheres já estão incorporando isso ao seu estilo pessoal.

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